Raúl Castro foi eleito neste domingo para substituir Fidel Castro na Presidência de Cuba
Foto: G1 HAVANA, 24 Fev 2008 (AFP) - Raúl Castro foi eleito neste domingo para substituir Fidel Castro na Presidência de Cuba, dando início a uma nova etapa da Revolução cubana para a qual prevê mudanças para fortalecer a economia, mas sempre sob a orientação do irmão nas questões fundamentais.
O novo primeiro-vice-presidente é José Ramón Machado, outro líder histórico, e Ricardo Alarcón foi reeleito como presidente do Parlamento para um quarto mandato de cinco anos. O segundo-vice-presidente, Carlos Lage, mantém-se em seu posto.
Os nomes de Raúl Castro e Ramón Machado foram apresentados em chapa única, referendada em votação direta e secreta pelos deputados. O voto de Fidel Castro foi levado pela ministra da Justiça, María Esther Reus, e escoltado pelo próprio Raúl.
No discurso de posse, Raúl falou em mudanças e disse estar consciente "dos enormes esforços que serão exigidos para fortalecer a economia" da Ilha.
O novo presidente anunciou que estuda a possibilidade de "uma progressiva, gradual e prudente reavaliação do peso cubano" e anunciou que, na próxima semana, começará a "eliminar proibições", como parte das primeiras medidas de reforma econômica.
"Nas próximas semanas, começaremos a eliminar as mais simples proibições, muitas que tiveram por objetivo evitar o surgimento de novas desigualdades em um momento de escassez generalizada".
Sem entrar em detalhes, o presidente destacou que "a supressão de outras regulamentações (...) levará mais tempo", já que "exigem um estudo integral e mudanças" nas leis.
Sobre os subsídios de alimentos e serviços na Ilha, Raúl advertiu que, "nas atuais condições de nossa economia, são irracionais e insustentáveis".
Raúl pediu ao Parlamento que lhe permita consultar Fidel sobre as decisões de "especial transcendência" para a Ilha e foi aclamado pelos deputados.
"Solicito a esta Assembléia, como órgão supremo do poder do Estado, que as decisões de especial transcendência para o futuro da nação, especialmente as ligadas à defesa, à política externa e ao desenvolvimento econômico, possam ser submetidas à consulta" com Fidel.
De imediato, Ricardo Alarcón submeteu a proposta à votação e ela foi aprovada por unanimidade.
"Assumo a responsabilidade que recebo com a convicção de que, como já afirmei muitas vezes, o comandante da Revolução Cubana é apenas um, Fidel, todos sabemos disto. É insubstituível, e o povo continuará sua obra, quando já não estiver fisicamente aqui, porque suas idéias permanecerão".
Fidel, de 81 anos, renunciou na terça-feira, após 49 anos no poder, devido a uma doença que o obrigou a ceder provisoriamente o comando a Raúl há 19 meses.
Durante o discurso, Raúl lembrou a posição de interferência dos Estados Unidos sobre a transição política na Ilha: "estamos cientes das declarações ofensivas e abertamente de ingerência do império e de alguns de seus mais próximos aliados".
Segundo o novo presidente, o Departamento americano de Estado "se apressou" ao descartar uma suspensão do embargo econômico contra Cuba, após saber da renúncia de Fidel Castro.
Raúl telefonou para o presidente Hugo Chávez, para saudar o povo venezuelano e suas Forças Armadas, em um claro movimento para dissipar dúvidas sobre sua relação com o líder da Venezuela.
O presidente cubano aceitou um convite de Chávez para visitar "em breve" a Venezuela e, em sua mensagem, fez questão de saudar "as gloriosas Forças Armadas venezuelanas, a Guarda Nacional e o Exército bolivariano".
Horas antes da eleição, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, pediu a Cuba que inicie "um processo de mudança democrático e pacífico, libertando todos os presos políticos, respeitando os direitos humanos e criando um caminho claro para eleições livres e justas".
Rice também "convocou a comunidade internacional a trabalhar com os cubanos para a criação das instituições necessárias à democracia e para apoiar a sociedade civil cubana".
Com Raúl já eleito, o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Tom Shannon, disse à AFP que a troca deixa entrever "uma possibilidade" e uma "potencialidade" de mudança em Cuba.
"Há possibilidade e potencialidade de mudança em Cuba, mas essas mudanças têm de nascer dentro de Cuba", afirmou Shannon.
O diplomata americano reiterou, no entanto, a posição de seu país de não modificar sua política baseada no embargo econômico iniciado em 1962, enquanto não houver em Cuba mudanças que levem a uma transição democrática.
afp/LR/tt
Raúl Castro toma posse e anuncia mudanças econômicas em Cuba.
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