Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 21-01-2006

A Culpa é de Quem?
Tornou-se lugar-comum acreditar que os problemas endêmicos do nosso país ocorrem por culpa dos governantes
A Culpa é de Quem?

Tornou-se lugar-comum acreditar que os problemas endêmicos do nosso país ocorrem por culpa dos governantes e essa crença não é, em absoluto, verdadeira.

Culpamos Collor por sua escancarada corrupção, FHC por vender o país e Lula pela frustração que causou aos seus eleitores. E não adianta pensar que com o próximo presidente isso irá mudar. Será a mesmíssima coisa e será ele o culpado pela não-mudança do país.

Não adianta culpar os governantes. Como bem filosofou João Ubaldo Ribeiro, o problema não está neles, mas sim em nós mesmos, como povo. E como também sou adepto daquela máxima de que "não existe almoço grátis", penso que nós, como povo, também devemos fazer a nossa parte.

O problema é mudar o pensamento para fazer isso. Ainda vigora entre nós a maldita "lei de Gerson", onde o brasileiro só se orgulha de seu país em época de copa do mundo, pouco ligando para sua cidade e para a sociedade no seu dia-a-dia, vangloriando-se de "se dar bem" em cima dos outros.

Em Marataízes, inclusive, é comum alguém dizer que se deu bem, que deu uma "manta" em cima de outra pessoa. E quase todo mundo acha legal isso, infelizmente.

Exemplos conhecidos desse orgulho efêmero e infame de "se dar bem" são aqueles tais como quando alguém faz aquele "gato" na rede d’água do SAAE, na luz da ESCELSA, naquele troco errado a maior que alguns recebem quietinhos, no descontinho que o comerciante faz no peso da mercadoria, na combinação do preço lá nas alturas pelos donos de postos de gasolina, na conta do bar usualmente não paga por aquele conhecido bolso-duro, naquela peça não trocada pelo mecânico, mas religiosamente cobrada, e por aí vai.

Enquanto essa cultura do "tenho que me dar bem" imperar entre nós, e isso vale para todos, nosso país não avançará. Sem querer parafrasear qualquer pensamento filosófico, é preciso que mudemos muito para sermos os cidadãos que nosso país precisa. E essa mudança deve vir de baixo pra cima, de nós mesmos.

É preciso revogar em definitivo essa "lei de Gerson", devendo partir as atitudes objetivas para esse fim de cada um de nós diariamente, sem ficar esperando que algum super-herói saia das revistas em quadrinhos para fazer o dever de casa pela gente.

Devemos nos orgulhar sim de sermos brasileiros não só em época de copa do mundo, mas também por pertencermos a uma sociedade consciente de seus direitos e que não se esquece de suas obrigações.

Ser honesto e civilizado não é privilégio algum, mas sim obrigação de qualquer pessoa que se intitule como sendo de bem. Se não mudarmos essa filosofia do "se dar bem em tudo", não teremos como exigir mágica dos nossos governantes.

Que tal fazermos o dever de casa?


    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  Ronald Mignone    |      Imprimir