Categoria Policia  Noticia Atualizada em 02-05-2008

Veja a conclusão final do inquérito do caso Isabella
Jornal Nacional teve acesso ao conteúdo do relatório final da polícia. Polícia diz que casal manteve mentira de forma dissimulada.
Veja a conclusão final do inquérito do caso Isabella
Foto: www.g1.com.br

A polícia de São Paulo se baseou em laudos da perícia, nos depoimentos de testemunhas e em deduções para escrever o relatório final do inquérito sobre a morte de Isabella Nardoni. O Jornal Nacional teve acesso ao conteúdo do documento. O relatório final da polícia é assinado pela delegada Renata Helena da Silva Pontes, que comandou as investigações. O documento tem 43 páginas e faz parte do inquérito que foi entregue à Justiça na quarta feira (30).

A delegada é categórica ao dizer que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá mantiveram a mentira de forma dissimulada, desprezando o bom senso de todos, para permanecer impunes. O relatório mostra a versão da polícia para o crime e, segundo a delegada, levou em conta laudo do Instituto de Criminalística, lesões observadas na vítima e depoimentos de testemunhas.

Conclusões
A primeira conclusão é que as agressões começaram no carro da família: segundo o relatório, Anna Carolina Jatobá feriu Isabella na testa, com um instrumento não identificado. A madrasta segurava esse instrumento com a mão esquerda, virou-se para trás e alcançou o rosto da menina.

A delegada diz que houve sangramento, gotejando sangue no assoalho, atrás do banco do motorista, na lateral esquerda do carrinho do bebê e um esfregaço, uma espécie de borrão, de sangue na parte posterior do banco do motorista. Não foi feito exame de DNA no sangue, porque a quantidade era pequena. Para a defesa, isso impediria a polícia de afirmar que o sangue é de Isabella.

Segundo o relatório, o sangue observado na lateral esquerda da cadeirinha do bebê tem o perfil genético de Isabella. Segundo peritos consultados pelo Jornal Nacional, todos os membros de uma família tem o mesmo perfil genético, ou seja, o exame realizado não foi conclusivo.

Depois da chegada à garagem do Edifício London, segundo a delegada, todos subiram juntos ao apartamento. Isabella estava no colo do pai. Alexandre a jogou no chão, diz o relatório, perto do sofá. Nesse local, observou-se maior concentração de sangue, não visível a olho nu, mas identificado graças a reagentes químicos.

Em outro trecho, a delegada diz que Isabella sofreu duas fraturas devido a um forte impacto, como ter sido atirada no chão. O sangue foi limpo e, ao que tudo indica segundo a delegada, com uma fralda de criança.

Na noite do crime, a polícia encontrou uma fralda dentro de um balde. Era a única peça já lavada, no meio de outras que estavam no cesto e no chão, sujas. Segundo laudo do Instituto de Criminalística, reagentes químidos identificaram a presença de sangue na fralda.

"Pára pai"
Para a delegada, o pescoço de Isabella foi apertado por tempo considerável e de maneira forte, a ponto de a menina sofrer asfixia. O relatório final sobre o caso menciona o fato de duas pessoas terem ouvido gritos de criança chamando o pai, pouco antes da queda de Isabella.

A delegada afirma: por causa das lesões, Isabella não podia gritar. Portanto, a voz era do irmão de Isabellla, de 3 anos, que queria que o pai intercedesse, no momento em que a menina estava sendo asfixiada. E completa: sendo assim, se deduz que a pessoa que apertou fortemente o pescoço da vitima foi Anna Carolina Jatobá.

Renata Pontes não indica o motivo do crime, mas afirma no relatório que há provas robustas de ter sido Alexandre Nardoni quem jogou Isabella pela janela. As principais são as marcas da rede na camiseta de Alexandre e as marcas do chinelo que ele usava que ficaram num lençol.

A delegada também diz ter ficado impressionada com a atitude de Alexandre na noite do crime. Para ela, o pai da garota tentava convencer a todos de que havia um ladrão no prédio e não demonstrava abatimento pela morte.

Para a polícia, não há dúvidas do descontrole emocional do casal. Em vários depoimentos, há relatos de brigas, principalmente por causa do ciúme que a madrasta tinha de Alexandre e de Isabella. Uma vizinha da família Nardoni disse à policia que Anna Carolina disputava a atenção do marido. Chegava a tirar Isabella do colo do pai para ela própria se sentar no colo dele, mesmo com a menina chorando.

Pedido de prisão preventiva
No final do relatório, a delegada pede a prisão preventiva de Anna Carolina Jatobá e de Alexandre Nardoni. Segundo a investigação, não haveria tempo suficiente para uma terceira pessoa ter cometido o crime. Além disso, as amostras de sangue encaminhadas para exame de DNA apontaram predominância de sangue de membros da família, não havendo vestígios de sangue de uma terceira pessoa. O relatório não esclarece se mais alguém, além de Isabella, se feriu no dia do crime.

No relatório, a delegada justifica o pedido de prisão: garantir a ordem pública, impedir a fuga dos indiciados e assegurar a aplicação da lei. Ela diz ainda que o crime é hediondo e classifica o ato como covarde, demonstrando a maldade e o desprezo à vida humana.

Veja a conclusão final do inquérito do caso Isabella
Jornal Nacional teve acesso ao conteúdo do relatório final da polícia.
Polícia diz que casal manteve mentira de forma dissimulada.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir