Segundo pai, funcionárias da creche não observaram criança. Para instituição, morte do menino foi uma fatalidade
Foto: globo.com O pai do bebê Gabriel, de 7 meses, que morreu numa creche na Zona Norte de São Paulo, afirmou na tarde desta quarta-feira (30) que seu filho morreu por falta de socorro e não por causa de refluxo gastrointestinal.
"O meu filho estava com saúde. Não houve atendimento para o meu filho, não tinha pessoas preparadas [na creche]", afirmou o operador de máquina Júlio César Ribeira. Ele foi até o 90º Distrito Policial (Parque Novo Mundo) para falar com a imprensa.
Antes, a família estava insistindo que havia alertado a creche de que o garoto sofria de refluxo, o que poderia ter causado a morte. Nesta quarta-feira (30), o pai disse que o filho tinha um refluxo comum a todas as crianças em sua idade. "O refluxo não teve influência nenhuma na morte do meu filho. Ele não teve socorro. Não houve resgate a tempo e meu filho morreu", afirmou Ribeira.
A administração da creche Pedacinho da Lua diz que nada foi avisado à instituição. Os advogados da creche informaram que a ficha médica da criança e um diário onde há troca de informações entre os pais e o pessoal da creche foi entregue à Polícia Civil nesta quarta. Segundo os advogados, em nenhum dos documentos consta o refluxo. Para a instituição, a morte da criança foi uma fatalidade. Ribeira insiste que sua mulher escreveu no diário sobre o problema e disse esperar que o delegado peça perícia no material para saber se algo foi alterado.
O pai disse ter chegado à creche entre 14h12 e 14h15 para pegar o bebê e só depois de esperar um tempo na porta recebeu a notícia de que seu filho estava passando mal. Ribeira acha que as funcionárias da creche só perceberam que o menino estava sem respirar quando o pai chegou para pegá-lo. Segundo ele, o telefone para o resgate só foi feito às 14h18.
Advogado da creche
Questionado sobre a declaração de Ribeira dada nesta quarta-feira, um dos advogados da creche, Alberto Rinaldi, afirmou que o pai da criança está mudando sua versão sobre a morte pela terceira vez. "Precisa se arrumar um culpado para a história e é isso que eles [os pais] estão tentando fazer. Nós estamos trazendo a verdade para a autoridade policial", declarou o defensor. Segundo ele, a criança foi bem cuidada na creche e não faltou atendimento.
Rinaldi garantiu que o conteúdo do diário da criança não foi modificado. Segundo ele, pode ser feita perícia para atestar se o material sofreu alterações. "A escola tem lisura e transparência no que faz", afirmou o advogado.
O bebê Gabriel, de 7 meses, morreu na sexta-feira (25), na creche onde estava, na Zona Norte. O pai ainda levou o filho ao pronto-socorro na tentativa de salvá-lo. Durante o atendimento, os médicos encontraram restos de alimento na garganta do bebê. O resultado do exame toxicológico da criança deve sair em 30 dias.
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