Categoria Geral  Noticia Atualizada em 28-02-2009

Conselho impede troca de comando no fundo de pensão de Furnas
Doralice Coelho da Silva, de 89 anos, aposentada, era um dos manifestantes contra a mudança na direção do fundo de pensão de Furnas
Conselho impede troca de comando no fundo de pensão de Furnas
Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1

Após reunião na tarde desta quinta-feira (26), o conselho deliberativo da Fundação Real Grandeza (FRG) impediu a troca do comando do fundo de pensão dos funcionários de Furnas.

A informação é da assessoria de imprensa da FRG, acrescentando que seriam necessárias, na reunião desta quinta-feira (26) as assinaturas de quatro dos seis conselheiros, o que não ocorreu.

Em meio à polêmica estão um patrimônio de R$ 6,3 bilhões e 12,5 mil filiados, dos quais 6,5 mil pensionistas e aposentados.

Os sindicatos do setor energético, que têm base de atuação nas estatais da área, estão promovendo manifestações para evitar a substituição de diretores do Fundo Real Grandeza.

Em Brasília, o Ministério de Minas e Energia divulgou nota informando que estuda se vai pedir à Controladoria Geral da União uma auditoria no Fundo Real Grandeza. Segundo o ministério, Furnas não recebe as informações sobre as aplicações financeiras do fundo desde outubro do ano passado .

Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tivesse adiado por tempo indeterminado as alterações na direção da Real Grandeza, pelo estatuto, a reunião desta quinta-feira teve de ser mantida. Feita uma votação, cinco dos seis conselheiros votaram a favor da manutenção da pauta.

No entanto, a proposta para substituição dos diretores, apresentada pelo presidente do conselho, Victor Albano, sequer chegou a ser apreciada, segundo informou a assessoria da Fundação Real Grandeza.

Conselheiro acusa, PMDB rejeita

O conselheiro Jeovah Machado, eleito pelos empregados aposentados, argumentou que, pelo regimento, como a proposta já havia sido apresentada e rejeitada anteriormente, em novembro de 2007, para voltar à pauta teria de ser aprovada pela maioria do conselho.

"O que está se querendo é usar o patrimônio da fundação a favor de interesses escusos. Basta consultar as pessoas que trabalham hoje em Furnas. A atuação partidária é vergonhosa", diz o conselheiro.

O presidente da Câmara, deputado Michel Temer, negou que o PMDB tenha interesse nos cargos:

"Não é o PMDB, não, é uma questão administrativa do Ministério das Minas e Energia e Furnas, não é uma questão do PMDB, eu deixo isso muito claro", afirmou Temer.

Furnas

Pelo estatuto, o mandato dos atuais diretores só termina em outubro. Procurada pelo G1, Furnas não se pronunciou sobre o assunto.

Em nota publicada em jornais nesta quinta-feira (26), a estatal informou que as substituições do presidente e do diretor financeiro do fundo são necessárias porque não tem recebido relatórios sobre a situação exata do patrimônio da aposentadoria dos empregados.

"Furnas solicitou, como patrocinadora, informações sobre o desempenho das aplicações financeiras da fundação. No entanto, até o momento, passados dois meses do encerramento do exercício de 2008, a empresa não recebeu dados que comprovem os bons resultados da gestão da atual diretoria, que vêm sendo divulgados insistentemente pela entidade", diz um trecho da nota.

Paralisação

De 7h30 ao meio-dia desta quinta, funcionários promoveram a paralisação do serviço e fizeram uma mobilização na sede de Furnas, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. Eles protestavam contra o que chamaram de manobra do governo federal e do ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, para mudar a direção do fundo de pensão dos eletricitários.

De acordo com o conselheiro eleito, o aposentado Jeovah Machado, há uma manobra política para substituir a atual direção, eleita em 2005, por quadros do PMDB. O mandato da atual diretoria termina no final deste ano. Eles dizem que estão lutando pelo patrimônio da Fundação Real Grandeza.

"Essa diretoria que está aí conseguiu recuperar o patrimônio da Real Grandeza. Esse fundo não é de Furnas, não é do governo, é dos funcionários e pensionistas. Não há motivo para mudar a direção quando ela está defendendo o nosso patrimônio. Se há uma quadrilha, como disse um senador do PMDB, ela está cercando o ministro. Ela não está na Fundação", disse Machado.

Atuação partidária

Machado lembrou que em 2003/2004 a fundação passou por uma grave situação, perdendo cerca de R$ 153 milhões. Ele diz que o PMDB está querendo fazer um acordo com o governo federal para tomar conta do patrimônio da Real Grandeza.

"A atuação partidária é vergonhosa. É inequívoco que há uma tentativa do PMDB de assumir o controle da Real Grandeza, que se deu durante a gestão do ex-presidente de Furnas Luiz Paulo Conde – indicado pelo deputado Eduardo Cunha (um dos representantes do PMDB, no Rio). Eles estão tentando substituir os diretores atuais pelos mesmos nomes apresentados no passado e que lesaram o fundo", disse Machado.

Entre os manifestantes estava Doralice Coelho da Silva, de 89 anos, auxiliar administrativa aposentada.

Antes de retornarem ao trabalho, funcionários foram convocados para uma nova mobilização na manhã de quarta-feira (4), depois do resultado de uma reunião da diretoria de Furnas, que vai ocorrer na terça-feira (3).

Conselho impede troca de comando no fundo de pensão de Furnas
Pelo regimento, proposta teria que ser assinada por 4 dos 6 conselheiros.
Ministério de Minas e Energia estuda pedir auditoria no fundo.


Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir