Categoria Incêndio  Noticia Atualizada em 27-03-2009

Moradores tiveram que deixar casas pelo telhado durante incê
Na fuga, algumas pessoas sofreram pequenas escoriações.
Moradores tiveram que deixar casas pelo telhado durante incê
Foto: Luciana Bonadio/G1

Luciana Bonadio

Moradores de casas da Avenida Henrique de Leo, em Diadema, no ABC, vizinhas à indústria química consumida por um incêndio na manhã desta sexta-feira (27), tiveram que deixar as casas pelo telhado. Por causa disso, alguns sofreram pequenas escoriações. O fogo começou por volta das 7h20 e foi acompanhado por sucessivas explosões.

Depois de os bombeiros controlarem o incêndio na indústria química, foi possível observar as casas vizinhas atingidas pelas chamas – pelo menos 15 acabaram danificadas, segundo o Corpo de Bombeiros. Os moradores contaram que produtos químicos escorreram pela avenida, deixando um rastro de fogo. Até o asfalto derreteu e era difícil caminhar por algumas ruas.

O aposentado José Freire, de 67 anos, mora em uma das casas atingidas. Ele conta que teve que sair com a mulher, a nora e duas netas pelos telhados das casas vizinhas. Por causa disso, ficou com escoriações no braço, na mão, na perna e na barriga. Ele não chegou a ser levado ao hospital. "Isso aqui era um fogo só [apontando para a rua]. Aí eu falei para a minha mulher para a gente pegar as meninas, que estavam dormindo", lembrou.

O filho dele, Robson Ferreira Freire, de 32 anos, estava no trabalhando e voltou correndo para casa quando soube do incêndio. Ele contou que a cachorra da família também saiu pelas casas vizinhas e acabou se perdendo. Por volta das 12h, eles não haviam conseguido entrar no imóvel e ainda não sabiam a extensão do estrago no interior da casa. Ainda não havia a confirmação também se eles terão que deixar a casa.

O pai e a mãe do ajudante geral Marcos Rogério Rodrigues, de 33 anos, também moravam em uma casa atingida. O pai dele, de 66 anos, tem dificuldades de locomoção por causa de um derrame e também precisou ser retirado pelo telhado – os vizinhos conseguiram resgatá-lo quando o fogo começou. "Quando eu cheguei, já tinham tirado ele por cima", contou o filho. A mãe dele, que também saiu pelo telhado, teve ferimentos no braço.

O pedreiro Valdeci Severino da Silva, de 63 anos, mora em uma rua próxima ao local do incêndio. Ele conta que mudou para a casa na noite de quinta-feira (26). "Foi meu primeiro dia aqui e já vi esse fogo terrível", afirmou. A residência dele não chegou a ser atingida pelas chamas. "A gente tem que estar preparado para muitas coisas."

Energia
Funcionários da Eletropaulo esperavam a liberação dos bombeiros por volta das 12h para trabalhar no local. Segundo eles, cabos, postes e transformadores foram queimados e parte da região ficou sem luz. A empresa faria a substituição até dos postes para que a energia pudesse ser restabelecida.

A indústria de produtos químicos que pegou fogo na manhã desta sexta-feira (27) em Diadema, no ABC, não tinha o auto de vistoria do Corpo de Bombeiros – sem o documento, segundo a corporação, o funcionamento do local era irregular. Apesar disso, a prefeitura informou que o local possuía alvará de funcionamento.

"De acordo com as normas de segurança dos bombeiros, o local funcionava irregularmente", disse o tenente coronel Valdeir Rodrigues de Vasconcelos.

Segundo Vasconcelos, toda empresa para funcionar tem que elaborar um projeto explicando qual será sua atividade e encaminhar ao Corpo de Bombeiros, que vai analisar e fazer uma vistoria no local para saber se ele está de acordo com as normas de prevenção e combate a incêndio. Se a empresa estiver de acordo, recebe o auto de vistoria.

A periodicidade depende do tipo de atividade de empresa. No caso dos produtos químicos, ele deve ser renovado todos os anos. De acordo com o tenente coronel, o fato da indústria não ter o auto significa que "ela não estava regular para atuar no ramo".

Apesar da falta da documentação, a prefeitura de Diadema informou que a empresa Di-All Química, Distribuição, Comercialização e Importação de Produtos Químicos de Limpeza tem alvará de funcionamento expedido em fevereiro de 2009 e válido até 2011.

Mais cedo, o diretor do Centro de Difusão Científica e Tecnológica em Segurança contra Incêndio, Sérgio Ceccarelli, afirmou que a indústria não deveria estar instalada no local onde se encontra.

Ceccarelli também disse que a dimensão do incêndio aponta que havia uma grande quantidade de produtos químicos no local. "Certos produtos não podem ficar próximos de outros, isso pode ter causado o fogo. Mas é muito cedo para saber, pode ter sido falha humana, um curto-circuito. Só a perícia vai poder esclarecer", disse ele.

O diretor adicionou que é preciso verificar ainda se a empresa tinha autorização para atuar no local. "Se eles têm autorização, tem que ver quem a forneceu, e se eles podiam guardar esses produtos nesse local e nessa quantidade".

Moradores tiveram que deixar casas pelo telhado durante incêndio em Diadema
Na fuga, algumas pessoas sofreram pequenas escoriações.
Proprietários ainda não sabem extensão dos danos em casas.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir