Se nós vivemos hoje os impactos da globalização, vivemos também uma disseminação de...
Se nós vivemos hoje os impactos da globalização, vivemos também uma disseminação de idéias globais que atuam de maneira local, chamando as comunidades a defenderem os seus interesses através dos novos conhecimentos. Exemplificando, todos nós sabemos que temos que preservar o meio ambiente. Esse é um pensamento global. Mas temos que nos mobilizar para fazer isso em âmbito local, começando pela nossa casa e pela nossa rua.
Temos que direcionar as nossas ações para, de alguma maneira, colaborar para a construção de uma sociedade sustentável. Queremos viver em uma cidade que ofereça oportunidades de emprego e geração de renda, para termos uma vida digna. Queremos contar com qualidade de vida através de investimentos em saúde, educação e segurança, mas queremos que isso não nos cause ônus em outros setores como transporte público, saneamento e lazer, por exemplo.
Uma sociedade só é sustentável se ela se fizer forte e assumir o seu desenvolvimento de dentro para fora, buscando a harmonia em todos os setores. E ela se fortalece quando incentiva o empreendedorismo e o empreendedorismo social, para que ajudem a suprir as lacunas deixadas pela insuficiência do Poder Público.
Temos que quebrar os velhos paradigmas e incentivar novas formas de parceria, apoiando os laços entre empresários, grupos sociais, empresas e comunidades, horizontalizando as relações e valorizando o indivíduo, o seu valor e a sua capacidade de inovar. Estamos na era da cooperação, de maneira que as relações verticais, aquelas de dominação e submissão, estão fadadas a se extinguir.
Empreender é algo que envolve riscos, e por isso precisamos de algumas ações importantes para aumentar as chances de acerto e minimizar os erros. Temos que identificar oportunidades e fazer um levantamento das condições mais propícias para o empreendimento, além de buscar novos conhecimentos e estudar profundamente o mercado e a área de atuação. O planejamento requer disciplina e organização, e deve ser feito com cautela e com a ajuda de especialistas. O empreendedor precisa saber utilizar os todos os recursos de forma racional, o que inclui recursos humanos, materiais, financeiros e tecnológicos. Precisa saber traçar metas e objetivos, estimular as pessoas, tomar decisões acertadas e fazer os investimentos corretos. Precisa ter princípios éticos, responsabilidade social e acreditar na importância da sua iniciativa, construindo uma imagem institucional idônea e profetizando o sucesso do negócio.
Graças a uma tendência global, estamos vendo configurar, de maneira cada vez mais freqüente, casos de empreendedorismo social, que configuram o tipo de empreendedorismo que parte dos movimentos e organizações sociais, em busca de um modelo de desenvolvimento mais humano e sustentável. Embora os processos e os atributos sejam os mesmos do empreendedorismo convencional, este novo modelo procura dar espaço para a atuação e o desenvolvimento do capital humano e social de uma comunidade, e o faz através de cooperativas, associações, ONGs, e parcerias com iniciativa privada, cidadãos e governo local. Baseia-se em valores como a solidariedade e a cooperação, e visa ao sucesso trabalhando com os recursos materiais, humanos e naturais disponíveis na região. Trata-se de um modelo de desenvolvimento comunitário, sustentado e integrado. Comunitário porque mobiliza e conscientiza a população, sustentado porque gera negócios que se tornam independentes e auto-suficientes, e integrado porque gera uma rede de colaboração recíproca.
Vale lembrar que sustentabilidade é algo que fazemos conjuntamente, com benefícios para todos os envolvidos.
Termino com uma frase do professor Ávila Coimbra, que diz que "o que importa é o nosso avanço na construção de uma sociedade economicamente viável, socialmente justa e ecologicamente prudente". Acrescento que faremos isso quando tivermos mais ética e espírito de coletividade. Fica a minha sugestão.
Fonte: O Autor
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