Categoria Geral  Noticia Atualizada em 07-12-2009

Após 3 dias, dramaturgo baleado continua em estado grave na UTI
Mário Bortolotto reagiu a assalto no Espaço Parlapatões no sábado (5). Câmera de segurança do teatro gravou ação criminosa em SP.
Após 3 dias, dramaturgo baleado continua em estado grave na UTI
Foto: Marcelo Mora/G1

Após três dias, o dramaturgo Mário Bortolotto, de 47 anos, continua internado nesta segunda-feira (7) em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Misericórdia, no Centro de São Paulo. O autor de teatro levou três tiros após reagir a um assalto no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt. Um ilustrador também foi atingido por tiros, mas não corre risco de morte. Nenhum suspeito foi preso.

Segundo boletim médico divulgado às 9h desta segunda pelo hospital, o "paciente permanece internado na UTI da Santa Casa. O estado de saúde é grave, está sob sedação e em ventilação mecânica, mantendo-se estável nas últimas 24 horas."

No domingo (6), a assessoria da Santa Casa havia informado que Bortolotto ainda corria risco de morte. Ao ser indagada se esse risco permanecia nesta segunda, a assessoria informou que os médicos não quiseram falar sobre isso.

Botolotto foi atingido no tórax, pescoço e ombro e passou por cirurgia para a retirada das balas.

Depoimentos

A Polícia Civil deve começar a ouvir nesta segunda o depoimento das testemunhas que viram os criminosos que atiram em Bortolotto e no ilustrador Carlos Carcarah, de 30 anos, durante o assalto. Ele também foi ferido pelos disparos, mas na perna. Carcarah está internado em observação no hospital Sírio Libanês e deve receber alta nos próximos dias. Ele também poderá ser ouvido nesta segunda pelo DHPP, se tiver autorização dos médicos.

Um suspeito de ter disparado contra Bortolotto teve sua imagem divulgada pelos policiais. Ele aparece de boné na gravação feita pelo circuito interno de câmeras do teatro onde quatro homens armados fizeram 20 pessoas, entre funcionários e clientes, reféns. O grupo fugiu levando um paletó e um molho de chaves do vigia do bar do teatro.

O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

Homenagem
No domingo, atores do grupo Parlapatões fizeram um ato público em homenagem à Bortolotto e contra a violência. O público chegou e ficou do lado de fora do teatro para protestar. Atores e amigos do dramaturgo leram trechos de suas obras e o Espaço Parlapatões, na região central, ficou pequeno.

Espaço Parlapatões ficará fechado por tempo indeterminado em respeito e consideração ao drama vivido pelo autor de teatro

Trajetória de sucesso no teatro
Nascido em Londrina, no Paraná, Mário Bortolotto é um dos mais respeitados dramaturgos da cena teatral brasileira, autor de cerca de 27 montagens. Com textos modernos, que misturam elementos do rock, dos quadrinhos e do cinema, já foi premiado pelo conjunto de sua obra pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), além de ter recebido o prêmio Shell de Teatro pelo espetáculo "Nossa vida não vale um Chevrolet", em 2008.

Bortolotto também é escritor e já lançou quatro livros: a coletânea de poesias "Para os inocentes que ficaram em casa" e os romances "Mamãe não voltou do supermercado", "Bagana na chuva" e "Atire no dramaturgo". Este último, lançado em 2006, reúne os textos que ele escreve em seu blog homônimo há 5 anos.

O autor também costuma se apresentar na noite paulistana com sua banda de rock, a Saco de Ratos Blues, que mistura poesia e canções pouco conhecidas de artistas como Itamar Assumpção e Cazuza.

Atualmente, no Espaço Satyros, na mesma praça Roosevelt, há uma peça de Bortolotto em cartaz, "A lua é minha". Com direção de Luis Eduardo Frin, o espetáculo conta a história de um artista plástico em crise e sua relação com uma jovem que se apresenta como musa.

O dramaturgo também é autor da peça "O natimorto", adaptação do romance de Lourenço Mutarelli, "A frente fria que traz a chuva" e "Getsêmani".

Após 3 dias, dramaturgo baleado continua em estado grave na UTI
Mário Bortolotto reagiu a assalto no Espaço Parlapatões no sábado (5).
Câmera de segurança do teatro gravou ação criminosa em SP.

Fonte:

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Por:  Catarina Rezende de Carvalho    |      Imprimir