Categoria Geral  Noticia Atualizada em 22-07-2010

Dona Natércia: a última das rendeiras...
Durante discurso de lançamento da candidatura a deputada federal da vice-prefeita de Marataízes...
Dona Natércia: a última das rendeiras...
Foto: José Rubens Brumana

Está diante de dona Natércia Neto de Almeida é antes de tudo um privilégio como pessoa. Aos 103 anos, só se queixas de uma "tal osteoporose", que tem impedido de fazer o que mais gosta: a renda em sua almofada com seus bilros.

Natural de Vila do Itapemirim se lembra de fatos de nossa história com uma lucidez juvenil. Foi aluna da lendária professora Quiquina Araújo, Irma do escritor e advogado Narciso Araújo. Diz que começou a fazer renda aos dez anos vendo a sua mãe e sua avó a trançar e formatar as linhas em almofadas feita de madeira e muitas vindo de Portugal.

"As mulheres ficavam nas calçadas conversando e fazendo suas rendas. Agora isso acabou". Lamenta que todas as suas amigas rendeiras estejam mortas. Dona Tercinha, como é conhecida mora em Marataízes, com sua filha tratada por Cicinha que herdou a arte do crochê de sua mãe. "Mas, não aprendi a fazer renda", disse olhando com um sorriso sobre os olhares reprovativos da mãe. Seus trabalhos encantam a irmã Maria Delunardi, coordenadora da Economia Solidária, pediu para a rendeira ensinar a uma irmã. "Essa arte não pode acabar com a dona Natércia. Além de criar novos empregos e renda perpetua a história local". Para a psicóloga Ivisili Soares Azevedo, a rendeira é uma pessoa iluminada. "Quando venho conversar com ela esqueço os problemas e me passa um filme na cabeça da época onde mulheres da região faziam suas rendas. Não podemos deixar isso acabar". Outro que ficou fascinado pelos trabalhos apresentados foi o professor de história Julio Carlos de Oliveira, que junto com a irmã Maria e Ivilisi, incentivarão para que outras mulheres aprendam a arte da rendaria. "É um elo turístico-histórico que podemos perder se a Dona Tercinha não repassar seus ensinamentos para outras pessoas", enfatizou. Os presentes pediram para traçar uma renda. Ela se sentou em sua cadeira e sem o auxílio de óculos começou a emaranhar as linhas dando forma ao trabalho. Todos ficaram encantados com a rapidez dos movimentos e vendo diante de si a última das rendeiras em sua nobre arte.


Foto: José Rubens Brumana



    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  José Rubens Brumana    |      Imprimir