Milhares de pessoas pedem fim do regime na Sexta-feira da Partida, no centro do Cairo
Foto: noticias.r7.com Tiros estão sendo disparados nos arredores da praça Tahir, no centro do Cairo, onde se concentra a multidão que pede o fim do regime autoritário do Egito, na chamada Sexta-feira da Partida. Desde quarta-feira (2), grupos de apoio ao líder Hosni Mubarak têm entrado em choque com a oposição que pede a renúncia do presidente.
A manifestação vinha sendo marcada pela calma, depois que o Exército decidiu reprimir a investida dos aliados de Mubarak. Na quarta-feira (2), partidários do regime entraram na praça, alguns montados a cavalo e a camelo, provocando e atacando manifestantes contrários ao regime.
Os choques entre os dois grupos deixaram 13 mortos e mais de 1.200 feridos. Segundo a ONU, mais de 300 pessoas podem ter morrido desde o início dos protestos, há 11 dias.
Secretário da Liga Árabe desponta como líder opositor
Nesta sexta-feira (4), o secretário-geral da Liga Árabe (organização que reúne 22 países) se juntou aos manifestantes. Amr Moussadisse que pode ser candidato a presidente, despontando como um novo líder para a oposição – papel que vem sendo exercido pelo diplomata e Prêmio Nobel da Paz Mohammed ElBaradei.
Ministro vai a praça, pede diálogo e religioso responde
Quem também foi à praça Tahir foi o ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi. Ele pediu aos jovens religiosos que convencessem a liderança da Irmandade Muçulmana, principal grupo organizado da oposição (fundado em 1929, mas posto na ilegalidade por Mubarak), para negociar com o regime.
Horas depois, Mohamed Badi, líder religioso da Irmandade Muçulmana, diz que conversa com o regime, mas só com a renúncia de Mubarak. Neste caso, quem se manteria no cargo seria o vice-presidente Omar Suleiman, nomeado pelo presidente há uma semana (pela primeira vez o país tem um vice em 30 anos).
Mubarak diz que não sai para evitar o caos
Mubarak disse se renunciar o país mergulhará no caso. Ele já anunciou que não será candidato à reeleição em setembro – após três décadas no poder. Mas isso parece ser muito tempo para a multidão que pede o fim imediato do regime.
Jornalistas são reprimidos
Grupos aliados ao regime de Mubarak tem atacado jornalistas estrangeiros no Cairo. Dois repórteres brasileiros, da Agência Brasil, chegaram a ser presos.
Os EUA e outros países condenaram a repressão à imprensa. Nesta sexta-feira, o Exército foi instruído a proteger jornalistas.
Governos do Reino Unido, da Alemanha, da França e de outros países já pediram a renúncia de Mubarak.
Os EUA, principal aliado do regime, condenou os abusos aos direitos humanos. O presidente Barack Obama pediu que a transição comece "já".
O mais preocupado com a crise é Israel. Apesar de defender Mubarak inicialmente, o Estado judeu pediu que os laços com o Egito continuem, quem quer assuma o governo. O Egito e a Jordânia são os únicos países árabes a reconhecer Israel.
Egito defende república islâmica
O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, deu apoio nesta sexta-feira aos manifestantes e pediu a saída de Mubarak.
O religioso xiita também defendeu a instituição de um regime islâmico no país árabe, principal temor de EUA e Israel, já que o grupo mais bem organizado no país é a Irmandade Muçulmana – que é vista como grupo moderado.
Khamenei comparou o movimento egípcio à Revolução Iraniana, de 1979. Na ocasião, a classe média, as classes populares e os grupos religiosos se uniram e foram às ruas de Teerã, pedir a saída do xá Reza Pahlevi, aliado dos EUA.
No lugar da monarquia assumiram os aiatolás, que passaram a reprimir setores não religiosos num regime autoritário islâmico.
Fonte: noticias.r7.com
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