Categoria Politica  Noticia Atualizada em 29-03-2011

Ferraço quer proibir construção de usinas nucleares no Sul do Espírito Santo
Segundo o deputado, a produção de energia por fissões nucleares não é fonte renovável e gera diversos subprodutos radioativos
Ferraço quer proibir construção de usinas nucleares no Sul do Espírito Santo
Foto: John Wesley

Discutida desde 1979, a construção de uma usina no Espírito Santo agora poderá ser proibida por lei. A proposta é do deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM), que apresentou projeto que pretende proibir a construção de usinas nucleares em todo o território capixaba.

Segundo o deputado, a produção de energia por fissões nucleares não é fonte renovável e gera diversos subprodutos radioativos. "A vida útil de uma usina nuclear é de no máximo 50 anos e que, em contrapartida do lixo nuclear produzido, será uma herança maldita para o Estado".

Outra implicação da construção de uma usina nuclear é a do armazenamento dos resíduos radioativos por centenas de anos.
O projeto o deputado espera sensibilizar a população e os deputados capixabas sobre a possibilidade de construção de uma usina nuclear no Estado. A idéia de construí-la em território capixaba foi reforçada em meados de 2010, com a retirada do Estado de São Paulo da disputa pelo empreendimento, mas, aqui, dizem os ambientalitas, a usina não é bem vinda.

Outro problema diante da possibilidade de construção da usina em solos capixabas é que esse tipo de projeto só pode ser construído em áreas com disponibilidade hídrica, o que não corresponde à realidade do Estado, conforme já atestado pelo governo do Estado. Sem água, na há como manter os reatores resfriados.

Segundo os estudos da Eletronuclear, especificamente os estados do Espírito Santo e de Minas Gerais, estão entre as possibilidades para a construção de uma das usinas previstas pelo Projeto Nuclear Brasileiro para serem construídas até 2030 no Brasil.
Atualmente, as usinas nucleares existentes no País são situadas no Rio de Janeiro. Porém, suas licenças foram contestadas pelo Greenpeace, por representarem risco à integridade física dos habitantes de Angra dos Reis e do estado do Rio de Janeiro. Este ano, a entidade requereu, inclusive, a suspensão do funcionamento da usina, até que novas normas de funcionamento estejam em vigor.

No Estado, o sul está entre as áreas analisadas para abrigar uma usina nuclear.
A informação é que, diante do grande potencial eólico do País, independentemente de qualquer ponto de vista – elétrico, econômico ou ambiental –, o Brasil não precisa de energia nuclear. Além de consumir muito dinheiro público e caminhar totalmente na contramão dos debates realizados em todo o mundo sobre as mudanças climáticas, tem o agravamento do problema do lixo radioativo, cuja produção é o principal impacto ambiental da energia nuclear, e que continua sem solução, em todo o mundo.
Resistência

A informação de construção de uma usina nuclear no Estado para reciclar lixo atômico levou à primeira mobilização em massa dos capixabas, ainda durante a ditadura militar.
Foi nesse contexto que surgiu a Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), primeira ONG ambientalista do Estado, que, junto à sociedade organizada, mobilizou a maior concentração popular já registrada na Praça Oito, Centro de Vitória, contra a instalação do empreendimento. Após a concentração, teve carreata até o município de Aracruz (norte do Estado), onde a usina seria instalada.

Em 2007, o assunto voltou à tona através do então presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro, que deu declarações apontando três áreas para sediar as usinas, entre elas o Espírito Santo. Além do Estado, também foram cogitadas a região do Rio Grande, na divisa de Minas e São Paulo, e a região do baixo Rio Tietê, próximo à divisa com o Estado de Mato Grosso do Sul.

Na realidade, o programa da Eletronuclear é para a instalação de duas novas usinas, de 1.000 MW cada, para beneficiar a região Nordeste, cuja operação já está prevista para 2017. E, para o Sudeste, se anunciava na ocasião uma central nuclear com pelo menos duas usinas, cuja operação está prevista para 2030.

Na ocasião, Freddy Guimarães, presidente da Acapema e que participou das manifestações em 1979, apontou que a construção de uma usina no Estado servirá apenas para alimentar as usinas siderúrgicas, potencializando, assim, os riscos para os capixabas, diante da possibilidade de contaminação humana e ambiental, no caso de um acidente nuclear.
Fonte: j.s.d.


    Fonte: Redação Maratimba.com
 
Por:  John Wesley    |      Imprimir