Categoria Economia  Noticia Atualizada em 02-08-2011

BC vai continuar a agir para conter câmbio, diz Tombini
Tombini falou na bolsa
BC vai continuar a agir para conter câmbio, diz Tombini
Foto: Darlan Alvarenga/G1

Darlan Alvarenga

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, voltou a defender nesta terça-feira (2), em palestra na BM&FBovespa, em São Paulo, o regime de câmbio flutuante, mas afirmou que a autoridade monetária continuará adotando, se necessário, medidas para conter a valorização do real, sobretudo no que diz respeito a operações de caráter especulativo.

"Precisamos continuar vigilantes, adotando medidas sempre que necessárias, de forma tempestiva", declarou Tombini. "Não podemos ser ingênuos. À esteira da mudança estrutural da economia brasileira e de fatores conjunturais na economia mundial, com reflexos naturais sobre a cotação do real, há também pressões com relação a posições alavancadas. Quando essas posições especulativas são excessivas, podem colocar em risco nosso sistema financeiro e a nossa economia".

Na semana passada, o governo divulgou uma de suas ações mais duras já tomadas no câmbio, impondo taxação de 1% sobre as operações de derivativos cambiais feitas por investidores brasileiros e estrangeiros no país. A alíquota, no entanto, poderá ser elevada a até 25%.

Participando do mesmo evento que Tombini, o presidente-executivo da BM&FBovespa, Edemir Pinto, criticou, em discurso anterior ao do chefe do BC, a medida, dizendo que ela gerou "surpresa e desorientação", e que isso trará custos para o Brasil.

Tombini destacou também que o BC "permanece vigilante e não hesitará em tomar medidas, se necessário, para garantir a convergência da inflação ao centro da meta em 2012".

Câmbio e cenário internacional
Segundo Tombini, a valorização do real se dá por motivos globais e internos, incluindo especulação e a fraqueza geral do dólar norte-americano.

Para o presidente do BC, mesmo com o impasse em torno do teto do endividamento dos Estados Estados Unidos encaminhando para uma solução, a economia norte-americana perderá a possibilidade de novos impulsos fiscais, o que deverá afetar a expectativa de crescimento da maior economia do mundo nos próximos anos.

Ele destacou ainda o processo de acomodação das dívidas soberanas dos países da zona do euro "será longo e sujeito a contratempos".

"Esse cenário de fragilidade econômica em importantes economias maduras sugere por si só um baixo crescimento da economia global nos próximos anos", disse.

Tombini destacou, entretanto, que o Brasil hoje está "mais preparado" para enfrentar um cenário externo atualmente "complexo" de "grandes desafios". "Temos confiança de que o Brasil continuará crescendo de forma sustentável, com equilíbrio econômico e estabilidade monetária", afirmou.

O presidente do BC disse ainda que a economia brasileira está sólida, o que acaba atraindo mais investimentos e pressionando a moeda. "A combinação, por um lado de um cenário internacional de contínua deterioração, e por um outro, a robustez da nossa economia torna o Brasil hoje um pólo de atração de capital tanto para investimento de longo quanto para especulação de curto prazo", disse.

De acordo com Tombini, o Brasil aprendeu, com a crise financeira de 2008, a olhar os riscos de operação alavancadas com derivativos, e lembrou que, nessa situação, muitas empresas apostaram fortemente na queda contínua do dólar e tiveram perdas severas.

"Não podemos acreditar que tendências sejam permanentes, que um ativo só se move numa direção. Crises impõem desafios, muitas vezes inesperados, realocam rapidamente portfólios, mudam tendências, muitas vezes sem qualquer explicação nos fundamentos econômicos", afirmou.

BC vai continuar a agir para conter câmbio, diz Tombini
Segundo ele, medidas virão de forma tempestiva, sempre que necessárias.
Presidente do BC fez palestra na BM&FBovespa, em São Paulo.

Fonte:

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Por:  Alexandre Costa Pereira    |      Imprimir