Categoria Opinião  Noticia Atualizada em 19-08-2011

MARATAÍZES!
Minha Marataízes, que hoje voltaram a correr lágrimas no meu rosto, porque hoje, voltei a lembrar-me de ti...
MARATAÍZES!

Como te dizer... Minha Marataízes, que hoje voltaram a correr lágrimas no meu rosto, porque hoje, voltei a lembrar-me de ti...
E o céu azul escureceu... os meus olhos ficaram manchados de sal,
As palavras, estas, minha querida,estão marcadas pela saudade e permanecerão para sempre dentro de mim... Você que sem saber de minhas dores me acolheu divinamente em teu seio repleto de abacaxis e frutos do mar...

Entrei em ti com a bagagem leve e fechada nas minhas mãos vazias, junto com os meus sonhos,neste vazio imenso e nesta solidão que veio a nos unir;
Deixando na distância uma saudade frustada... e neste mar que corre triste no meu peito.Oh! tempo que se esgota...e passa roubando-me todos os sonhos...
Como te dizer doce cidade, que neste amor me encontrei e me perdi,que amei desesperadamente um homem a sombra dos teus coqueiros,na paisagem linda de tuas praias... do meu aconchego e deitada nas noites serenas que me envolve e que é a cinza de todos os dias.

Como te dizer que apenas queria um pedacinho de céu,a tua moradia em berço explendido ,a luz de uma estrela,apenas uma doce despedida da claridade,aquela com que alumiaste por momentos a minha escuridão...desta solidão que nos uniu e que permanecerá para sempre como refugio e consolo de tua acolhida.

Como te dizer minha exuberante Marataízes, que as tuas rajadas de vento nordeste, eram a volúpia das minhas emoções,roçando meu corpo caminhando pelas tuas ruas de cores sensuais e do sol escaldante.Por entre a maresia exalando imaginei-te uma secreta’ Caribe’,escondida dentro de mim,exposta ao mundo sem que ninguem te perceba.
Estas lembranças estão tatuadas a fogo no meu corpo,deixando os poemas que escorriam dos nossos dedos,direcionados a ti em súplicas das minhas horas de solidão,fostes tu um amor perdido,nascendo desta contraditoria todos os versos manchandos do sangue rasgado da pele e que tu tão bem soube ser sigilosamente a cúmplice perfeita.

Como te dizer que suas colonias de pescadores,suas terra férteis dos frutos deliciosos dos abacaxis, era a melodia que alimentava a minha alma cigana.

Suas cançoes do mar revolto de março,era a nudez que incendiava a noite de meus dissabores,onde as folhas vindas do teu vento caiam na solidão dos meus lençoes frios,por onde os mistérios de sombra e luz eram transformados em acordes perfumados de sonhos inconscientes...
Era as flores amarelas dos abacaxis que vestiram minha solidão.
Era a maresia e sabor de peixes que alimentavam minha fome de saudade de lá...

Como te dizer minha amada e idolatráda Cidade,que estás tatuada em mim...que a tua maré é a minha esperança,que a minha alegria é eterna.Que a obscuridade do meu passado ja nem existe e a deposito em teu respirar,no balanço frenetico de tuas ondas cheias de meninos a vadiar em suas velozes pranchas coloridas.

Que tu és o momento marcante e eu o instante do meu vazio a te solver em um unico respirar.Que as vezes ,eu sou a ausência e tu o silêncio. Eu sou produto de um o sonho errado e tu a noite que me devasta e me rouba ao tempo,elevando minha alma ao pináculo da felicidade.
Tuas ruas desertas no inverno é o fogo que me queima a alma...O mar que me escorre dos olhos.
Como te dizer oh! Minha adorada Cidade que se te esquecer eu me esqueço,que o meu corpo dorme exausto no chão de areias normas das tuas praias,que dentro de mim te guardo no silêncio de minha alma devota,arrastando-me nesta condição pobre de poeta.
Das minhas mãos cheias de oração e esperança te dedico em versos o meu pedido de exilo, perante ao espelho estilhaçado do meu olhar. Em duvidas do apelo de exilação, por certo quantas lágrimas que escorrem da minha solidão.

Como te dizer que foste o meu sonho amargo e suave...Que a ausência das mãos do meu único homem que viajante em tuas terras, também fazia pousada e neste derradeiro adeus sem despedida e partiu sem deixar vestigios...
Eu e tu cidade nada sabemos desta ingrata ausencia.

Hoje minha cidade abençoada é o silêncio com que te escrevo...a saudade onde te guardo,a escuridão onde te abraço.O meu futuro é apenas um encontro com o frio das madrugadas de densas ventanias.Por onde todo o meu passado foi uma sombra do que sonhe;a verdade que não imaginei;um futuro que é coberto de sol;um encontro com a noite de todas as noites.Como te dizer que sou uma louca poeta a varrer todos o dias a tua rodovia a procura de mim mesma...em vão,adormeço cansada agarrada as tuas vestes de redes rasgadas,amontoadas pelos rudes pescadores de volta do mar.Nesta quimera vou arrastando-me em teus dias e noites e te encontro a procura de mim mesma.

Como te dizer Marataízes...que aqui eu renasci...renasci no seio de tuas terras áridas,no balanço de tuas ondas,permeadas pela maresia em nevoas úmidas espalhadas por toda cidade.

Á ti meu verso

Marataizes minha paixão...eu renasci em ti,tão cansada de mim
Fechei as portas aos sonhos...tirei a esperança à vida
Fiquei tão só,tão perdida nas tuas praias e perdida de ti
Fui um instante de apego,foste um momento de paixão,
Uma ferida entreaberta no peito esquerdo.

Fui gaivota sobrevoando teu mar,procurei-te no mar,
E nas águas noturnas te encontrei faceira como o doce sabor e cheiro
Dos abacaxis brotando deliciosamente das redes dos pescadores.
Seja eu a eterna quimera,seja eu o amanhecer desta terra
Por te saber presente,aqui fiquei,mas desejei tantas vezes partir,mas tu me envolvia serenamente em teus braços e lambia minha fronte com as aguas salgadas,
Lavando minhas lagrimas e minha alma...
Fui sonho,onda ou maresia,fui em ti flor dos pescadores
e o peixe dos plantadores.

No cansaço dos dias,mesmo assim te espero minha Marataízes.
Antes de adormecer eu te procuro e encontro no anoitecer
Na minha solidão, nos manuscritos soltos,no sorriso da dor, Talvez tu nem sabe que eu exista,mesmo assim te encontro num doce e suave amanhecer.

Quando ouvires no silêncio um lamento,sou eu, exuberante Marataízes a chamar-te
Quando sentires no teu vento um calor...é o meu que te quer acolher
Quando sentires os teus olhos chorarem...sou eu a olhar-te
Quando sentires a solidão...são os meu braços de mulher
A te envolver inteira bem dentro dos meus abraços,
Quando sentires sozinha em meio a multidão, eu estarei aqui debruçada na poesia
A te exaltar,a te agradecer pelo tanto e tanto que me faz bem
E eu pobre poeta arrasto-me aos teus pés de sol,peixes e abacaxis, pois de ti arranco meus versos deitda em tua rede explendida.


De madrugada,19/08/2010.


Por Bárbara Pérez.
(direitos autorais reservados a autora).





    Fonte: Redação Maratimba.com
 
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