Categoria Geral  Noticia Atualizada em 27-01-2012

Polêmica sobre acampamento na Praia do Aghá
Mais de 100 barracas tapam a visão do mar e os acampados construíram até fossas
Polêmica sobre acampamento na Praia do Aghá
Foto: Luciana Maximo

Mais de 200 famílias, somando aproximadamente mil pessoas, estão acampadas na Praia do Aghá, ou Praia do Martins, como também é conhecida, em Itapemirim, desde o inicio do mês de dezembro e só vão desocupar o local no final do verão. São barracas de plástico e lona, algumas com perfuração de fossas em seus interiores e, cobrindo toda visão para o mar. A situação é caótica!

O turista perdeu o direito de ver o mar e de contemplar as belezas naturais no entorno da praia que tem uma vegetação exuberante. Em cada barraca encontram-se dois a três carros de luxo estacionados: são empresários, comerciantes, profissionais liberais e políticos que invadiram a Praia do Aghá, com a desculpa de poder ficar a vontade com a família. Eles vêm de vários lugares e alguns acampam há anos. A cada ano aumenta o número de pessoas que usufruem das belezas do local, fruto da propaganda entre amigos. A praia se tornou um espaço particular.

A Prefeitura Municipal já protocolou diversos ofícios, em diferentes órgãos, desde o IEMA, Superintendência do Patrimônio da União (SPU), Ministério Público solicitando providências e, aguarda a retirada dos invasores até o final do mês de janeiro.

Só para se ter uma ideia, os acampamentos têm TV LCD, antena SKY e para manter a eletricidade usam geradores próprios. Tudo para oferecer comodidade aos acampados que permanece toda a temporada de verão na área.

Para amenizar o caos, a Prefeitura sem saída, teve de disponibilizar água e banheiros químicos e intercalar dois horários de limpeza diária, mas pede ajuda para que os ocupantes saiam de lá o mais rápido possível e a Praia volte a ser ponto turístico para os veranistas que gostam do local.

Vereador acampa há 10 anos

O vereador Estevão Machado de Itapemirim disse que acampa há 10 anos na Praia e contou que existem amigos que acampam há 30 anos. "Isso começou já há muito tempo. Isso aqui é um paraíso, um lugar natural. Única praia de acampamento praticamente que existe no Espírito Santo é a nossa aqui. A gente vem pra cá acampa aqui, formamos um grupo de amigos", contou.

Estevão assegurou que se chegar para as pessoas que estão lá e dizer que há um apartamento em Guarapari para passar o verão, eles recusam. "Queremos ficar aqui. Conforto já tem na casa da gente durante o ano inteiro. Queremos isso aqui, o natural, ficar com o pé na areia, acordar de manhã e curtir a natureza", empolgou-se.

De acordo com o vereador existem pessoas acampadas de vários estados. "Eles vêm aqui formam um grupo de amigos, todos nós conhecemos uns aos outros e fazemos essas amizades gostosas. Nós esperamos o ano inteiro para chegar o verão para passar um mês, dois meses aqui", confessou Estevão.

Para continuarem explorando o local, o vereador elaborou um abaixo assinado onde colheu diversas assinaturas e encaminhou à empresa que comprou a área para construção de um porto, nas proximidades. "Somos favoráveis a construção do porto que trará desenvolvimento ao nosso município, só que fizemos um abaixo assinado aqui para provar a empresa que comprou essa área toda, que nós estamos aqui apenas no período de verão, depois do carnaval todos retiram tudo e vamos embora", disse.

Quanto à denúncia de que os barraqueiros estão degradando o meio ambiente, Estevão garantiu que isso não ocorre. "Muito pelo contrário. Todos têm o maior respeito com a natureza, se alguém aqui degradasse o meio ambiente, com certeza não ia existir mais nada aqui. Não tem nada disso". Perguntado se ele tem consciência de que a fotografia para quem vê lá do asfalto é um amontoado de barraca, o vereador afirma: "É lógico! Mas acampamento é isso mesmo, se não o fosse faríamos barracas de alvenaria. Tem de vir aqui e colocar barraca. Às vezes as pessoas não entendem e dizem que colocamos muita lona, mas aqui venta muito, e tem de colocar, senão o vento derruba tudo. Se depender de nós, vamos ficar a vida toda", comentou.

Aqui é uma grande família

Cada cercado tem em média 10 famílias acampadas, informou Estevão. "Na minha tem mais de 20 famílias juntas. Se somado todas, mais de 200. Quando estão todos juntos tem no mínimo 500 pessoas.

Acampando pela terceira vez, o pintor de automóveis, Everaldo Simer, de Cachoeiro de Itapemirim disse que pelo menos 10 pessoas estão juntas em uma barraca. "Aqui é chique demais. O ambiente gostoso. É melhor que um hotel cinco estrelas. No improviso a gente vai pro mato", riu.

Perguntado se quem está lá no asfalto, e olha para o monte de barraca de lona e plástico e diz: olha que coisa horrível! Everaldo brincou. "Eles ficam com inveja, isso é bonito demais, eles estão querendo tirar o local da gente, se eles tirarem a gente daqui, nós vamos ter de ir pra pista"!

De Cordeiro, Rio de Janeiro veio à família do construtor Gilson Fernandes Baraldi, que conhece o local há 16 anos e acampa há três. Com 10 pessoas residindo provisoriamente durante a temporada de verão, Gilson frisou que antes freqüentava a Praia de Rio das Ostras e Búzios, mas lá eles não tinham a liberdade que tem na Prainha do Aghá. "Não trocamos isso aqui pela melhor pousada. Pode ser um hotel cinco estrelas que preferimos isso aqui. Mesmo no improviso, que é gostoso", comentou.

Gilson defende o acampamento com unhas e dentes e disse que as barracas não tornam o local feio. "Nós ocupamos aqui durante 90 dias, depois a Prefeitura faz a limpeza geral e no ano seguinte está tudo pronto para as pessoas acamparem novamente. Eu sou do Estado do Rio e não temos uma área lá que nós podemos fazer isso. E agora saber que eles estão querendo acabar, dizendo que isso aqui é feio, eu acho que é um cenário feio para quem não vem aqui participar. Eu quando via pensava que era um grupo de sem terra", ressaltou.

Gilson afirmou que as pessoas que lá estão podem se hospedar em pousadas, mas preferem lá. "É muito melhor fica mais a vontade e mais tranqüilo".

Em relação à degradação do meio ambiente, Gilson disse que os barraqueiros privam pela limpeza. "A Prefeitura põe latões de lixo, tem a fiscalização, à noite a Guarda Municipal vem ver se está tudo bem. Cada um tem seu gerador. Não conhecemos nada relacionado a droga. Isso aqui é o maior lazer que podemos conhecer".

Passeando pela praia, o motorista Clarêncio Gibson de Vitória, disse ser um lugar lindo. "Esse monte de barraca enfeia a praia e tapa a visão para o mar. O pessoal tem que ter a conscientização de que quando forem embora levar o lixo com eles. O lixo vai sujar o mar e o meio ambiente", sugeriu.

Extraído em http://www.espiritosantonoticias.com/materias/jan_12/26-01-12-geral3.html

    Fonte: http://www.espiritosantonoticias.com
 
Por:  Luciana Maximo    |      Imprimir